NOTÍCIAS
Participação feminina nos espaços de poder fortalece a democracia, diz presidente do CNJ
31 DE AGOSTO DE 2023
“Mulheres brilhantes e com capacidades múltiplas são categorizadas em estruturas que rechaçam ou dificultam sua participação nos ambientes decisórios de poder. Costumo sempre dizer que as mulheres são silenciadas e invizibilizadas. Não deixemos que isso aconteça. Vamos ocupar os espaços”. A provocação da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Rosa Weber, se deu na solenidade de abertura do seminário “Mulheres na Justiça: novos rumos da Resolução CNJ n. 255”, na manhã desta quarta-feira (30/8). Na busca por inverter essa lógica de silenciamento sistemático das mulheres, a abertura do evento contou com a premiação de juízas brasileiras que se destacam com trabalhos nas áreas da igualdade de gênero, inovação, direitos humanos e sociais.
Na solenidade de abertura do seminário, que ocorre no Auditório do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Rosa Weber ressaltou a importância da união de homens e mulheres na luta pela maior participação feminina, de forma ampla na sociedade, e na cúpula da Justiça brasileira, em particular. “A ausência de mulheres nos postos de definição impacta a fiel observância do que se denomina prioridades comunitárias, produção de conhecimento em pautas inclusivas e as próprias definições das políticas de Estado”, disse a presidente.
A ministra sustentou a necessidade de a sociedade abrir espaços para ouvir as mulheres. “O mês de agosto é propício às temáticas deste seminário, em sua dimensão analítica ao enfrentamento de vazios que vulneram o feminino e, por consequência, o próprio conceito de democracia em um Estado de Direito”, ressaltou.
Coordenado pela conselheira Salise Sanchotene, supervisora do Comitê de Incentivo à Participação Institucional Feminina no Poder Judiciário, o encontro é voltado a disseminar conhecimento, apresentar resultados de pesquisas sobre a participação feminina na Justiça, assim como permitir a troca de saberes que busquem garantir a participação plena e efetiva das mulheres a partir da perspectiva da Resolução CNJ nº 255/2018. Segundo a conselheira, a norma concentra esforços para concretizar os valores que sedimentam a “ordem de um Estado Democrático de Direito, não de um ‘Estado de Exclusão’”.
A ministra do STF Cármen Lúcia defendeu a modernização da Resolução CNJ nº 255/2018, aprovada durante sua gestão à frente do Conselho. “Proponho que avancemos das ações afirmativas para ações transformativas, humanizantes e dignificantes para todas as mulheres. O tempo, agora, é de transformação”.
Cármen Lúcia ressaltou a necessidade da autonomia e da equidade de direitos entre homens e mulheres. “Não queremos mais ser representadas. Queremos estar presentes. Cada um de nós fala por si, e as mulheres falam por elas e têm dado o recado muito bem para uma sociedade que precisa ser solidária para viver em paz. Ninguém mais aguenta viver em um estado de tensão, de violência e de estresse. Estamos vivendo um adoecimento sócio-político, econômico e cultural, que também leva à morte física”, afirmou.
Representando a presidente do STJ, ministra Maria Thereza de Assis Moura, a ministra Assusete Magalhães reforçou a responsabilidade de se discutir o papel de liderança feminina nas altas cúpulas e recordou ainda haver um longo caminho a ser percorrido para que as mulheres rompam com o “teto de vidro” que dificulta sua ascensão a cargos de liderança. Segundo o Relatório Justiça em Números 2023, as mulheres representam atualmente 40% da magistratura de 1º grau, onde ingressam por concurso público. Já na 2ª instância e em tribunais superiores, elas representam 25%.
O presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Lelio Bentes Côrrea, se disse constrangido pelos poucos homens presentes no seminário. “O tema da equidade deve ser uma preocupação de todos. E os homens têm a responsabilidade e o compromisso de se fazerem presentes, participar das discussões e se comprometerem com ações efetivas de promoção da equidade”, afirmou.
Representantes das associações de classe da magistratura – Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Associação dos Juízes Federais (AJUFE) e Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho (Anamatra) – também participaram da solenidade e ressaltaram a importância da constante luta pela ampliação da garantia de direitos.
O seminário, que termina nesta quinta-feira (31/8), contará com oficinas de trabalho elaboradas pela Escola Nacional de Formação de Magistrados (Enfam), assim como apresentação de experiências com lideranças femininas do Sistema de Justiça.
Prêmio
Após a cerimônia de abertura do evento, a conselheira Salise Sanchotene discorreu sobre a premiação que visa reconhecer o trabalho e a importância de magistradas em atuação no Brasil. “Além de diversas outras ações no âmbito do CNJ, a pedido da ministra Rosa Weber, o Comitê de Incentivo à Participação Institucional Feminina no Poder Judiciário, do qual atualmente sou conselheira supervisora, promoveu a criação de uma forma de valorização das mulheres da magistratura brasileira”.
Recebeu o “Prêmio Igualdade de Gênero no Poder Judiciário Auri Moura Costa” a juíza Andrea Jane Silva de Medeiros do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM). Já o “Prêmio Inovação no Poder Judiciário Cnéa Cimini Moreira” foi entregue à juíza federal Luciana Ortiz Tavares, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3). O “Prêmio Mary de Aguiar Silva, de Direitos Humanos” foi dado à magistrada Sonáli da Cruz Zluhan, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) e o “Prêmio Mary de Aguiar Silva de Direitos Sociais” agraciou a juíza do trabalho Elinay Almeida Ferreira do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (TRT8).
Clique aqui para ver as fotos do evento, e as premiadas durante a solenidade.
Texto: Regina Bandeira
Edição: Thaís Cieglinski
Agência CNJ de Notícias
The post Participação feminina nos espaços de poder fortalece a democracia, diz presidente do CNJ appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
IRIRGS
Clipping – Exame – Quer comprar um imóvel? Veja os bairros de SP com o preço de venda acima do valor real
09 de agosto de 2023
Em quase metade dos bairros na cidade de São Paulo, os imóveis, ao serem anunciados, têm o preço acima do...
Portal CNJ
Jornada: Especialização de varas em violência doméstica pode elevar qualidade dos serviços da Justiça
08 de agosto de 2023
As varas de violência doméstica recebem duas vezes mais processos que as de família e quatro vezes mais do que as...
Portal CNJ
Juiz do Piauí tem aposentadoria convertida em compulsória por corrupção passiva
08 de agosto de 2023
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou, por unanimidade, a conversão da aposentadoria voluntária em...
Portal CNJ
Defesa da democracia e aprovação do orçamento para 2024 abrem sessão do CNJ
08 de agosto de 2023
A defesa da integridade do regime democrático e da jurisdição constitucional marcou a abertura da 11.ª Sessão...
Anoreg RS
Conheça o anfitrião da Caravana Registral, dia 26 de agosto, em Vila Flores
08 de agosto de 2023
O Colégio Registral do Rio Grande do Sul realizará, no dia 26 de agosto, a 3ª Edição da Caravana Registral. O...