NOTÍCIAS
Corregedor nacional recebe grupo de mulheres para tratar de assédio no ambiente de trabalho
05 DE ABRIL DE 2023
O corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, se reuniu, nesta quarta-feira (5/4), com um grupo de profissionais do audiovisual, roteiristas, atrizes e advogadas para tratar da importância de se combater, em diversas frentes, o assédio contra mulheres, especialmente no ambiente de trabalho. O encontro aconteceu na sede do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em Brasília.
As participantes da reunião apresentaram ao ministro uma série de ações, nas quais elas têm participado paralelamente ao trâmite dos processos cível e criminal de que são parte na justiça estadual e na trabalhista. Entre as ações, está a atuação dessas profissionais em um grupo de trabalho (GT), organizado pelo Ministério das Mulheres, criado pelo Governo Federal, para traçar políticas públicas de enfrentamento dessa violência de gênero e, mais pontualmente, editar um novo marco legal normativo contra o assédio sexual no ambiente de trabalho, com medidas preventivas e de enfrentamento.
Na oportunidade, o grupo convidou a Corregedoria Nacional de Justiça a integrar o GT implantado pelo ministério. “Acreditamos que o Conselho Nacional de Justiça gostaria de participar do Grupo de Trabalho. Precisamos de boas leis, mas também precisamos de bons aplicadores dessas leis. E o CNJ tem um trabalho avançado nessa área, com uma resolução que instituiu uma política de prevenção e enfrentamento do assédio moral, do assédio sexual e da discriminação”, salientou a advogada Mayra Cotta, que representa as vítimas em processos judiciais, que correm em sigilo no Rio de Janeiro.

O ministro Luis Felipe Salomão destacou que a Corregedoria não cuida apenas de questões disciplinares envolvendo magistrados, mas também da elaboração de políticas públicas para o Poder Judiciário. Ele lembrou das recentes implementações realizadas pelo CNJ como a aprovação do Protocolo para Julgamento sob Perspectiva de Gênero, a criação da Ouvidoria Nacional da Mulher e o incentivo para que servidoras e magistradas denunciem o assédio sofrido. “Não é só uma questão legal. Há muito trabalho a fazer de pronto. Vamos acompanhar essa questão mais de perto, o que já é feito, de forma rotineira, por esta Corregedoria, em casos sensíveis”, disse.
Sendo assim, o corregedor nacional se prontificou a oficiar os tribunais, onde os casos tramitam, para acompanhar de perto o andamento processual. Outra frente sugerida pelo ministro Salomão foi a de realizar cursos, promovidos pelo CNJ e de forma virtual, de capacitação de magistrados e magistradas para compreenderem e ajudarem a combater a violência de gênero.
Além disso, o ministro planeja estudar a inclusão de meta a ser proposta pela Corregedoria para o julgamento prioritário e mais célere de processos que envolvam assédio contra o público feminino. “Temos um caminho grande a percorrer, especialmente porque as vítimas precisam de um acolhimento diferenciado por parte de quem as atende no Judiciário”, destacou.
Denúncia
A juíza auxiliar da Corregedoria Nacional de Justiça, Caroline Tauk, lembrou que, em pesquisa realizada pelo Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), muitas magistradas e servidoras (48,7%) relataram ter sofrido algum tipo de assédio ou preconceito no exercício da profissão. No entanto, poucas efetivamente denunciaram o crime por medo de retaliações, por vergonha ou mesmo por desconhecimento. Entre as juízas, desembargadoras e ministras de tribunais superiores, 27% já foram vítimas de assédio sexual e pelo menos 54,7% sofreram algum tipo de constrangimento ou discriminação no trabalho por serem mulheres. “Os casos que foram denunciados acabam também sendo arquivados porque muitas servidoras e até juízas desistem da denúncia. Isso tem de ter um outro caminho”, afirmou a juíza.
Uma das vítimas relatou o medo que sentiu antes de denunciar o assédio sofrido às autoridades policiais e destacou que a prescrição do crime chama a atenção porque quem sofre esse tipo de abuso demora a entender de que realmente se tratava de uma violência. “Não tinha noção de que estava sofrendo assédio. Pensava que nunca aconteceria comigo e que, se acontecesse, eu falaria a todos. Mas, a experiência pessoal me mostrou que é muito difícil sair daquele lugar de reflexão e denunciar o assediador”, afirmou.
O crime de assédio sexual tem pena prevista no Código Penal, que varia de um a dois anos de detenção, podendo ser aumentada em um terço se a vítima for menor de 18 anos de idade. Esse tipo de crime prescreve em quatro anos, também de acordo com o normativo legal.
Agência CNJ de Notícias
The post Corregedor nacional recebe grupo de mulheres para tratar de assédio no ambiente de trabalho appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Portal CNJ
Tribunal de São Paulo libera mais de R$ 12 bilhões em precatórios em 2022
23 de janeiro de 2023
A Diretoria de Execuções de Precatórios e Cálculos (Depre) do Tribunal de Justiça de São Paulo disponibilizou...
Portal CNJ
Justiça do Piauí divulga as datas da Semana da Justiça pela Paz em Casa 2023
23 de janeiro de 2023
A Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica do Tribunal do Justiça do Piauí divulgou as datas...
Portal CNJ
Acordos realizados pelo Nupemec da Paraíba somam R$ 93 milhões em dois anos
23 de janeiro de 2023
Mesmo com os problemas trazidos pela pandemia da Covid-19, a gestão do presidente do Tribunal de Justiça da...
Portal CNJ
Justiça mineira reforça parceria para combater violência doméstica em Juiz de Fora
23 de janeiro de 2023
O presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, desembargador José Arthur de Carvalho Pereira Filho, recebeu...
Anoreg RS
Brasileiros são contra a transferência dos serviços dos cartórios para outras entidades
23 de janeiro de 2023
Pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha aponta que 69% dos brasileiros são contra a migração das atividades...