NOTÍCIAS
CNJ participa de debate sobre implantação da Justiça Restaurativa em escolas brasileiras
28 DE NOVEMBRO DE 2023
O Ministério da Educação (MEC), por meio da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi), iniciou na segunda-feira (27/11) o Ciclo de Diálogos “Justiça Restaurativa nas Escolas”. A iniciativa é fruto da parceria do MEC com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e visa promover a cultura de paz e não violência nas escolas, utilizando práticas que envolvam o diálogo, a responsabilização e a reparação dos danos causados pelos conflitos.
O secretário de Estratégia e Projetos do Conselho, Frederico Montedonio, participou do evento, que foi transmitido no canal do MEC no YouTube. O representante do CNJ ressaltou que o Ciclo de Diálogos é uma iniciativa relevante, a qual pretende transformar a cultura institucional das escolas, desenvolvendo a democracia no ambiente escolar e a gestão positiva dos conflitos. “A justiça restaurativa tem causado a ressignificação das carreiras e da atuação das pessoas que trabalham na carreira da justiça e, muitas vezes, se confrontam com soluções simplistas, insuficientes e inadequadas. Tenho certeza que, no sistema educacional, tem um potencial muito grande de ressignificar a atuação profissional de todos que se dedicam à educação”, disse.
Os debates contaram ainda com a participação de especialistas e representantes do MEC, do CNJ e da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). Participaram da abertura do evento a secretária da Secadi, Zara Figueiredo; a secretária de Educação do Rio Grande do Sul e representante do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Raquel Teixeira; Josevanda Franco, representante da Undime.
De acordo com Zara Figueiredo, o Ciclo de Diálogo Justiça Restaurativa nas Escolas é uma preparação para a implementação de práticas restaurativas no ambiente escolar em 2024. “Esse é o primeiro momento de engajamento, de primeira aproximação, para pensarmos como construímos uma cultura de paz. Como vamos lidar com aquilo que é inerente às relações sociais e como vamos contribuir para que efetivamente a gente possa mudar alguns comportamentos e contribuir para aquilo que é típico da educação, que são as relações sociais e as aprendizagens”, pontuou.
Em sua palestra, Leoberto Brancher explicou que a justiça restaurativa é um conceito em aberto, ela pode ser entendida como um modelo judicial que se aplica à situação de crimes e conflitos. Segundo ele, é um convite a olhar para o conflito por outra perspectiva e compreender que resultados diferentes advirão de abordagens diferentes. “Em outras perspectivas, ela pode ser vista como um conceito que dialoga com uma cultura de paz, de não violência. Ela é uma justiça que suspende o pressuposto de uma violência adotada como método da adequação de comportamento. Portanto, estabelecer um postulado da não violência para a atuação da justiça nos leva à possibilidade de disseminação de uma cultura de paz”, afirmou.
Kátia Roncada destacou que a justiça restaurativa é um conjunto de princípios e práticas que trabalham valores, relações, responsabilidade (individual e coletiva), tratamento do dano e fortalecimento da comunidade. “A trajetória da justiça restaurativa começa olhando para a resolução de conflito, mas se percebe que é preciso ir muito além. O que significa ir na busca da construção de uma escola restaurativa, trabalhando todo o contexto em uma outra racionalidade”, afirmou. Segundo a juíza, na justiça restaurativa, ninguém aponta o dedo: “É uma questão de autorreparação, autorresponsabilização”.
Acordo
O Acordo de Cooperação Técnica para a implementação do projeto “Justiça Restaurativa nas Escolas” foi assinado entre o MEC e o CNJ no dia 14 de novembro. O objetivo é contribuir com recursos para que as escolas possam criar ambientes que facilitem o enfrentamento da violência interna e da sua banalização, a partir da escuta qualificada, da ressignificação, da restauração e do fortalecimento das relações que permeiam o ambiente escolar. A ideia é que essas ações ocorram por meio do comprometimento da comunidade escolar (dirigentes, professores, alunos, pais) e da sociedade, bem como por meio da capacitação de profissionais e estudantes que têm interface com a rede de ensino.
O projeto também conta com: a parceria entre os tribunais; a participação dos magistrados e servidores; os parceiros institucionais; e o sistema de educação e suas escolas. A divulgação das noções básicas sobre as várias possibilidades e funcionalidades da justiça restaurativa cabe ao Comitê Gestor da Justiça Restaurativa, do CNJ. A fim de alcançarem o que foi proposto pelo Acordo de Cooperação Técnica, o Ministério da Educação e o Conselho Nacional de Justiça devem promover ações de articulação, gestão, sensibilização e capacitação para o fomento da justiça restaurativa.
O segundo encontro do Ciclo de Diálogo será na terça-feira (28/11), às 19h (horário de Brasília), com transmissão ao vivo no Canal do MEC no YouTube. O debate terá participação do juiz Egberto de Almeida Penido e do desembargador Roberto Portugal Bacellar.
Política Nacional
A Justiça Restaurativa é um conjunto ordenado e sistêmico de princípios, métodos, técnicas e atividades próprias, que visa à conscientização sobre os fatores relacionais, institucionais e sociais motivadores de conflitos e violência, e por meio do qual os conflitos que geram dano, concreto ou abstrato são solucionados de modo estruturado.
A Política Pública Nacional de Justiça Restaurativa no âmbito do Poder Judiciário está delineada na Resolução CNJ n. 225/2016 e tem por objetivo a consolidação da identidade e da qualidade da Justiça Restaurativa definidas na normativa, a fim de que não seja desvirtuada ou banalizada. Em 31 de dezembro de 2019, o CNJ editou a Resolução n. 300, que altera a Política Nacional, dando prazos para que os Tribunais de Justiça e os Tribunais Regionais Federais organizem a implantação da Justiça Restaurativa. Além disso, cria o Fórum Nacional de Justiça Restaurativa, composto pelo membros do Comitê Gestor do CNJ e dos coordenadores dos órgãos centrais de macrogestão e coordenação nos tribunais.
Reveja o evento
Agência CNJ de Notícias, com informações da Assessoria de Comunicação Social do MEC
The post CNJ participa de debate sobre implantação da Justiça Restaurativa em escolas brasileiras appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Portal CNJ
Justiça do Trabalho catarinense instala Ouvidoria da Mulher
27 de novembro de 2023
A inauguração da Ouvidoria da Mulher marcou mais um passo para a consolidação da Política Judiciária Nacional...
Portal CNJ
Justiça Eleitoral dá início ao Teste Público de Segurança da Urna 2023
27 de novembro de 2023
Começa nesta segunda-feira (27/11) a 7ª edição do Teste Público de Segurança (TPS) da Urna. Até sexta-feira...
IRIRGS
Eleições do IRIRGS: Chapa “Ampliando o Diálogo” é eleita para Diretoria Executiva e Conselho Deliberativo no biênio 2024/2025
27 de novembro de 2023
No dia 24 de novembro, a chapa “Ampliando o Diálogo” foi eleita para assumir a Diretoria Executiva e o Conselho...
Portal CNJ
Especialistas debatem futuro e dilemas éticos da judicialização na saúde suplementar
24 de novembro de 2023
O futuro da saúde suplementar no Brasil foi discutido por operadores da Justiça e representantes do segmento em um...
Portal CNJ
Avanços nas pesquisas contribuem para retrato mais fidedigno da equidade racial no Judiciário
24 de novembro de 2023
Ao longo dos últimos dez anos, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) empreendeu esforços para obter dados...